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Desenvolvido pelos arquitetos do Coletivo bma ,em Barranca de Huentitán, Guadalajara, este projeto consiste em um novo edifício de alojamentos e encontros do Instituto Mexicano para o Desenvolvimento Comunitário (IMDEC).
As novas instalações - erguidas em apenas duas jornadas de trabalho através dos esforços de mais de 100 voluntários - foram construídas a partir de uma estrutura base de concreto, muros de adobe e uma vedação de junco, que percorre grande parte do seu perímetro.
Mais detalhes do processo construtivo, a seguir.
Dos arquitetos. O projeto desenvolve-se através da demanda por instalações para a recepção e alojamento dos participantes das oficinas e convenções organizadas pelo IMDEC e cuja sede, CEDE, estava instalada em um salão multiuso nos jardins do complexo. O objetivo do projeto era facilitar a participação de comunidades distantes e prolongar a interação, enaltecendo a experiência do evento.
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O projeto foi concebido e simplificado em relação a três fatores principais:
- O entorno educativo proporcionado pelas oficinas de auto-construção desenvolvidas no local e sua relação com materiais sustentáveis; isso levou à decisão de utilizar adobe, um sistema construtivo composto por junco entrelaçado e coberto com uma mistura de terra úmida e palha.
- O orçamento limitado, a urgência por sua realização e a participação de voluntários na construção foram condições que fortaleceram o vínculo entre o elemento arquitetônico e a comunidade, planejando sua versatilidade e permitindo sua apropriação.
- O clima favorável e o esplêndido entorno natural, que permitiu a criação de uma edificação aberta.
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Contando com uma localização privilegiada no alto de uma colina, procurou-se implantar o projeto no local menos obstrutivo, mantendo as montanhas da paisagem sempre à vista.
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O pavilhão se estende em duas alas de dormitórios com banheiros e serviços para acomodar 20 pessoas (atualmente apropriado para 33, sem contar com as que dormem nas esteiras no chão) e uma área comum de pé-direto duplo, completamente aberta que serve como local de encontro - emoldurando a inclinação do morro - e palco elevado para eventos públicos.
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As articulações a este espaço alojam o eixo único de corredores que atravessam o projeto permitindo conservar o sentido de "dormir em bola", um termo em espanhol que se refere a permanecer junto como grupo. Além disso, um pátio de terra com acesso ao deck superior serve de mirante e também é apropriado como ponto de encontro e área de acampamento.
Na sua estrutura, o projeto se desenvolve entre plataformas e pilares de concreto que interceptam a topografia, procurando o acesso livre em qualquer ponto de encontro. Entre os pilares, são dispostas molduras modulares de madeira conformado os muros de adobe com portas e janelas feitas com folhas de palmeira.
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No perímetro e servindo como proteção contra o vento e perda de calor, uma trama de junco envolve a edificação e reafirma sua identidade. Escadas e detalhes no tradicional tijolo de adobe proporcionam a força reconhecida localmente e sua relação terrosa, que sempre confere confiança.
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O processo construtivo teve de ser planejado para ser terminado em duas etapas, cada uma concluída com uma jornada de trabalho de dois dias, onde 100 voluntários alheios a construção terminariam a obra. Em repetidos períodos de três meses, a construção de plataformas e pilares de concreto, instalações e elementos técnicos foram terminados, deixando uma estrutura completamente nua e pronta para a intervenção.
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Próximo ao começo oficial da obra, as molduras de madeira entrelaçadas com junco foram preparadas, os tecidos de folha de palmeira recebidos e o monte de terra e palha pronto para ser pisoteado.
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Com tanta gente e tão pequena obra, requereu-se um grande esforço dos colaboradores do projeto para organizar os grupos de trabalho; posicionamento de painéis, preparação e transporte de misturas, fixação de portas e janelas... e claro, preparação dos alimentos para a jornada de dois dias.
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O processo foi um sucesso e nos dois dias foi celebrada com alegria uma ação coletiva de grande valor significativo e satisfação pessoal, encerrando o evento com a colocação de uma cápsula do tempo no pátio central com as assinaturas dos participantes para comemorar o esforço.
O edifício prova seu desempenho e integração graças ao uso honesto dos seus materiais, exibindo seu envelhecimento e apropriando-se do espaço como transição entre o exterior e interior.
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Pavilhão de Alojamento CEDE Arquitectos: Colectivo bma / Francisco Martínez de Patio.workshop + Pedro Bravo de BA arquitectos
Localização: Barranca de Huentitán, Guadalajara, Jalisco, México
Construção: Pedro Bravo, Francisco Martínez, Sandy Minier, Javier Reyes, Gerardo Monroy + 100 voluntários
Método construtivo: Concreto reforzado, aparejo de piedra y ladrillo de lama, bajareque, entramado de carrizo y tejido de palma
Ano do Projeto: 2013
Área: 375 m2
Cliente: IMDEC, Instituto Mexicano para el Desarrollo Comunitario
Fotografias: Pedro Bravo, Sofía Hernández, Francisco Martínez